Melhor Vizualisado pelo Mozilla Firefox

quinta-feira, 13 de março de 2008

Médicos divergem sobre a necessidade de usar sabonetes íntimos diariamente

Sabonetes líquidos e lenços vaginais umedecidos têm invadido as prateleiras de farmácias e supermercados. Muitas mulheres já incorporaram esses produtos à higiene diária, mas nem todos os especialistas acreditam que eles sejam mesmo necessários.Hábitos de higiene íntima, por incrível que pareça, nem sempre são ensinados de mãe para filha. Em geral, o máximo que as meninas escutam é que limpeza da vagina deve ser feita "de frente para trás". É incomum que as mães expliquem como se deve lavar a vulva e provavelmente isso não acontece porque elas próprias não receberam as mesmas orientações de suas mães.


Há 30 anos ou mais, as mulheres usavam mais saias, depilavam-se menos, usavam mais tecidos naturais como o algodão e não passavam horas sentadas no carro durante o congestionamento ou no computador. A mudança destes hábitos modificou a defesa natural do corpo da mulher, segundo o ginecologista Eliano Pellini, chefe do Setor de Saúde e Medicina Sexual da Faculdade de Medicina do ABC, na Grande São Paulo. "Infelizmente é difícil para a mãe passar essa informação para a filha desvinculada da conotação sexual.


Ela ainda tem receio de que a menina tenha interesse por essa área do corpo", pondera. Para o ginecologista Newton Sérgio de Carvalho, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), antes de escolher o que usar e qual a finalidade que o produto deve ter, outro tabu deve ser quebrado. Para ele, é fundamental que mulher se familiarize e conheça o próprio corpo. "É importante que a mulher saiba que corrimento nem sempre é doença, às vezes faz parte de um desequilíbrio momentâneo da flora vaginal".


Ele acrescenta que algumas mulheres têm a região mais úmida do que outras. Corrimento: quando é normal?Os corrimentos podem ser causados por fungos ou bactérias, mas as características que indicam que a umidade se transformou em doença são bem específicas. Alguns desses microorganismos já habitam a flora feminina normalmente, mas sua proliferação descontrolada pode causar excesso de secreção, cheiro forte, coceira e irritação. Qualquer desses sintomas pode indicar a necessidade de tratamento e o único profissional habilitado para isso é o médico.


Como ensina a ginecologista Heloisa de Medeiros, a vagina conta com células que estão em constante renovação. "A presença de glândulas, pêlos e a própria transpiração podem interferir no cheiro, na coloração e na quantidade do fluxo vaginal", diz.Os tipos mais comuns de doenças que provocam corrimentos são a candidíase, a tricomoníase e a vaginose bacteriana. A primeira é causada pelo fungo Candida albicans, que provoca muita coceira, secreção espessa e irritação local.


Ele habita a flora vaginal e é preciso descobrir a causa do aumento repentino da população para tratar o problema. Na tricomoníase, causada pelo protozoário Trichomonas vaginallis, a forma de contágio é a relação sexual e exige também o tratamento do parceiro pelo uso de quimioterápicos ou antibióticos. Outro distúrbio muito comum é a vaginose bacteriana, causada por uma bactéria anaeróbia (ou seja, que se reproduz sem precisar de oxigênio) e que causa um corrimento de cheiro muito desagradável em contato com o sangue ou o sêmen.


Nenhum desses distúrbios pode ser tratado com uso de sabonetes líquidos, mas a boa higienização auxilia no tratamento. "O sabonete comum pode fazer a mesma higienização e nem os que são feitos especificamente para a higiene íntima estão livres de causar algum tipo de alergia", previne Medeiros. Para Carvalho, o uso de sabonetes íntimos para tratamento ou prevenção de doenças não tem respaldo científico. "Como a região genital feminina é muito mais sensível aos alérgenos, o que se pretende é que os sabonetes utilizados sejam os mais neutros possíveis.


Eu receito para muitas pacientes que usem sabonetes feitos para bebê, por exemplo", comenta.Já de acordo com Pellini, o uso de sabonetes líquidos feitos para a higiene íntima é recomendável diariamente. "Hoje sou extremamente a favor, porque uma mulher não usa sabonete intimo somente para higiene, mas também para se preparar para uma relação sexual. É algo que contribui para a auto-estima", opina. O consenso entre os especialistas é que a higiene seja feita somente na parte externa da genitália. Lavagens internas, como as tradicionais duchas vaginais, podem prejudicar a defesa natural do corpo. Outra recomendação expressa dos médicos é não usar absorventes diariamente, a não ser durante o período menstrual.


"Os protetores de calcinha só protegem a calcinha, mesmo", ironiza Pellini. Para manter a saúde da vagina é preciso deixar que a pele respire, lavar a região depois de evacuar e depois de ter relações sexuais, além de evitar o uso de desodorantes, cremes ou qualquer tipo de produto que possa causar alergia. Outra dica é tomar cuidado com o uso de papéis higiênicos. Eles servem para absorver a urina e deve-se evitar esfregá-los na pele a fim de que não machuquem a região genital.


Hábitos como dormir sem calcinha e urinar depois do ato sexual também são extremamente importantes para a higiene íntima. E para saber se o corrimento é só lubrificação excessiva ou motivo de alerta, basta seguir esta lógica: se não provocar coceira, dor, ardência, cheiro ou algum outro incômodo, você não precisa se preocupar.

Suzana Esper


Vi no UOL


CuRtiu?

Então...

seja o primeiro a comentar!

Comente - Seu comentário é nosso incentivo.

BlogBlogs.Com.Br