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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Crise não freia investimentos de multimilionários do Oriente Médio

Mesmo com a instabilidade econômica, investidores da região continuam dispostos a gastar fortunas no futebol, como no fracassado negócio com Kaká

SÃO PAULO - Em setembro de 2008, a crise econômica atingiu o mundo de uma maneira que nem mesmo o futebol escapou. Os clubes passaram a ter mais 'cautela' nas negociações por atletas. No entanto, em meio à instabilidade, existem exceções que continuam a investir, e muito, em seus projetos para o esporte. E os milionários que mais chamam atenção são os dos Emirados Árabes, baseados nas fortunas construídas com a ajuda do petróleo e ainda alheios ao clima de incerteza.

A recessão fez com que as negociações dentro do futebol se tornassem menos intensas na atual janela de transferência europeia. Com isso, até o momento, os clubes brasileiros conseguiram manter grande parte de seus melhores jogadores para a temporada. Os europeus, por sua vez, que geralmente não medem esforços para reforçar seus elencos no meio da temporada, têm mostrado muito mais paciência para negociar e contratar.

O Manchester City, entretanto, através do xeque Mansour bin Zayed Al Nahyan, se destaca entre o excesso de receio do mercado da bola. Nesta semana, o milionário, que comanda o Abu Dhabi United Group (ADUG), teve uma proposta astronômica por Kaká rechaçada pelo pentacampeão mundial. Um assessor do grupo assegurou que a proposta estava na casa dos 50 milhões de libras (R$ 169 milhões). Mas especulações na Europa falavam em uma proposta perto dos 100 milhões de libras (R$ 338 milhões).

Luiz Gonzaga Belluzzo, economista e candidato à presidência do Palmeiras, ressalta que o tom do mercado do futebol para a temporada será de muita cautela, com a exceção feita ao investidor do Manchester City. "As famílias como a do xeque Mansour têm muito dinheiro, e ao entrar no futebol, provocam esse fenômeno. O mercado está estreito, não há recursos e nem crédito. Apesar de ainda ser menor, o investimento dos árabes compensa a pausa nas negociações do mercado europeu", comenta Belluzzo.

Mesmo com a negativa de Kaká à proposta do City, o ADUG demonstra todo o interesse em gastar. Por jogadores medianos, o clube gastou 40 milhões de euros, com as contratações do galês Craig Bellamy, do West Ham, e do volante holandês Nigel de Jong, do Hamburgo. O novo alvo do Manchester City pode ser o atacante Didier Drogba, do Chelsea, e fala-se em uma nova oferta fora dos padrões vistos atualmente. Em setembro passado, o grupo árabe controlado por Mansour, já havia contratado Robinho por 42 milhões de euros.

De acordo com Abel Braga, que comanda o Al-Jazira, cujo dono também é o xeque Mansour, os valores são altos, mas a imagem de que o futebol dos Emirados Árabes envolve muito dinheiro é dimensionada. "Apenas quatro clubes investem de uma maneira mais forte no futebol daqui, até porque este é o primeiro ano de uma competição mais organizada, profissional. Estes times não deixaram de contratar por causa da crise. Eles já investiram o que deveriam para a temporada e agora realizam apenas as movimentações locais", completa o treinador.

Fato é que, exceção feita às quantias astronômicas oferecidas pelo Manchester City e pelo seu milionário grupo, a Inglaterra é o país que mais sente os efeitos devastadores da crise econômica. O russo Roman Abramovich, dono do Chelsea tem sido capa dos jornais britânicos que anunciam o seu interesse em vender o clube. A notícia foi desmentida pela direção da equipe de Luiz Felipe Scolari, mas os pesados investimentos realizados nas últimas temporadas não se repetem.

Como medida de comparação, a pesquisa anual da revista FourFourTwo, que revela os investidores mais ricos do futebol inglês, divulgada neste mês, mostra que Abramovich perdeu o posto para Mansour Bin Zayed Al Nahyan. A diferença entre as fortunas é considerável. Segundo a publicação, o xeque árabe possui R$ 50,8 bilhões, contra 'apenas' R$ 23,7 bilhões do proprietário do Chelsea.

O Manchester United, melhor clube do mundo em 2008, teve a notícia de que o patrocínio que leva na camisa não será renovado. O acordo de 14 milhões de libras anuais era o maior da atualidade no futebol mundial, e a American International Group (AIG) confirmou que não renovará o contrato que expira em maio de 2010. Isso para que a empresa de seguros consiga pagar uma dívida no valor de 150 bilhões de dólares.

Belluzzo explica os motivos para a crise ter influenciado tanto a Premier League. "Os clubes ingleses têm relação com investidores de petróleo e gás e, por isso, sofreram uma queda acentuada em seu potencial econômico. Abramovich é um exemplo, pois foi atingido pela crise e já tornou público sua intenção de não contratar ninguém em janeiro", afirma o economista, que também lembra do colapso de um dos principais investidores do Campeonato Inglês.

O Barclays, um dos maiores bancos da Europa e principal patrocinador da Premier League desde 2001, estuda cortar verbas destinadas ao esporte para reduzir gastos. Por isso, o patrocínio com o Inglês, um dos torneios mais rentáveis do mundo, deverá ser revisto no final da temporada 2009/2010.

PESQUISA INDICA OS MAIS RICOS NO FUTEBOL BRITÂNICO
Mansour Al Nahyan (Manchester City) - (R$ 50,8 bihões)
Lakshmi Mittal e família (QPR) - (R$ 40,6 bilhões)
Roman Abramovich (Chelsea) - (R$ 23,7 bilhões)
Joe Lewis (Tottenham Hotspur) - (R$ 8,4 bilhões)
Bernie e Slavica Ecclestone (QPR) - (R$ 8,1 bilhões)
Stanley Kroenke (Arsenal) - (R$ 7,6 bilhões)
Alisher Usmanov (Arsenal) - (R$ 5 bilhões)
Lord Grantchester e The Moores Family (Everton) - (R$ 4,06 bihões)
Dermot Desmond (Celtic) - (R$ 4,06 bilhões)
Lord Ashcroft (Watford) - (R$ 3,7 bilhões)

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