Em 2008, o Corinthians disputou a Série B, mas seu rendimento financeiro conseguiu ser melhor do que quando estava na elite. Além de ter registrado superávit de R$ 10,8 milhões na última temporada, o maior entre os 21 times analisados, o impacto da presença de Ronaldo na equipe, neste ano, pode fazer com que o clube ameace a liderança do São Paulo no que diz respeito apenas às receitas conquistadas.
Segundo números divulgados pela Casual Auditores, empresa que analisa os balanços dos principais times brasileiros há cinco anos, a experiência que o Corinthians tem registrado com Ronaldo serve de exemplo positivo para os rivais. Nos seis primeiros meses deste ano, o Fenômeno foi responsável por "R$ 25 milhões novos, dinheiro que o clube não tinha", segundo análise de Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão.
"A operação Ronaldo foi lucrativa, mesmo com todos os gastos. O Corinthians já vinha em uma ascendente em 2008, na Série B, e conseguiu aumentar suas receitas novamente em 2009. Com o jogador, o clube elevou os valores de patrocínio, receita de TV, interesse da mídia, além dos títulos conquistados, então o Ronaldo deu o retorno esperado", afirmou o especialista.
Mesmo com o bom desempenho no ano passado, o Corinthians ainda é dependente da venda de jogadores para fechar o seu orçamento, assim como a maioria dos clubes no país. De acordo com os números da Casual, 23% das receitas de 2008 do clube alvinegro foram obtidas com transferências. O São Paulo, por sua vez, tem uma "independência" um pouco maior, com 19% neste quesito.
Porém, é justamente a negociação de jogadores, atrelada ao crescimento de outras receitas que o clube tem conseguido com Ronaldo, que pode garantir ao Corinthians uma arrecadação maior do que o São Paulo, líder neste quesito nos últimos três anos. Em 2008, o time do Morumbi teve uma queda de 15,5%, conseguindo R$ 160,5 milhões, enquanto o rival também experimentou uma redução de 12,7%, chegando à marca de R$ 117,5 milhões.
"O Corinthians está indo para um bom caminho. Ele está com R$ 117 milhões de receita hoje e, se não fizer nada, deve chegar a R$ 120 milhões. Se ainda vender jogadores, pode chegar à casa dos R$ 160 milhões [mesmo patamar do São Paulo]", completou Somoggi, lembrando que o presidente do clube do Morumbi, Juvenal Juvêncio, afirmou na última segunda-feira que não pretende negociar nenhum atleta até o fim do ano.
Apesar deste crescimento do Corinthians com outras receitas que não são resultado direto da venda de jogadores, e do São Paulo também não ser completamente "refém" desta situação, o especialista faz uma advertência ao modelo de gestão que todos os clubes praticam no país.
"A maioria dos clubes trabalha com déficit ou no limite do superávit. O Corinthians fez R$ 10 milhões de lucro, mas vendeu R$ 26,8 milhões em jogadores. Caso contrário, ele também teria prejuízo. O Palmeiras cresceu muito, mesmo sem vender tantos jogadores, mas também apresentou déficit. Essa é uma realidade, e não um clichê. Os clubes precisam estruturar seus departamentos de futebol sem depender da venda de atletas. Esse é o caminho para o equilíbrio financeiro", sentenciou o especialista da Casual Auditores.
DESEMPENHO FINANCEIRO DOS CLUBES EM 2008
Receita Superávit / (Déficit)
São Paulo R$ 160,5 mi R$ 2,2 mi
Internacional R$ 142,1 mi (R$ 4,4 mi)
Palmeiras R$ 138,8 mi (R$ 9,4 mi)
Flamengo R$ 117,9 mi (R$ 3,2 mi)
Corinthians R$ 117,5 mi R$ 10,8 mi
Grêmio R$ 99 mi (R$ 10 mi)
Cruzeiro R$ 94 mi (R$ 17,4 mi)
Fluminense R$ 66,4 mi (R$ 43,2 mi)
Santos R$ 65,3 mi (R$ 24,7 mi)
Atlético-MG R$ 57,6 mi (R$ 36,4 mi)
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